quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Fotometria + Flash – parte 6 de 9 – Flash TTL

Agora que falamos bastante do sistema TTL de medição, dos limites da câmera em termos de latitude de exposição e das características da cena com a amplitude tonal – veja os artigos anteriores desta série para essas informações, especialmente os artigos 2, 4 e 5 – , é hora de acrescentar uma luz sobre tudo isso, ou melhor, ligar o flash.

Há duas formas principais de se utilizar um flash dedicado – por flash dedicado entenda-se um que seja da mesma marca do fabricante de sua câmera, ou que seja totalmente compatível com a mesma – a primeira é em modo TTL e a segunda em modo manual.

Não trataremos o modo manual nesta série de artigos pois penso ser possível obter a mesma qualidade de imagem em modo TTL e com bem menos complexidade, tornando assim essa técnica preferível.

No modo manual o fotógrafo determina a potência de disparo do flash e para isso ele deverá fazer uso de cálculos de potência e distância que são complexos para dominar e mais ainda de colocar em prática no dia a dia fotográfico, especialmente se o fotógrafo utilizar mais do que um flash nas fotos que fizer.

Em TTL o cálculo de potência será feito pela câmera utilizando seus sistema interno de medição, mesmo que sejam usados diversos flashes ao mesmo tempo, sendo assim bem mais prático pois dispensará o tempo gasto com contas, dispensará o uso de um fotômetro de mão e será absolutamente preciso, desde que o fotógrafo se dedique a estudar e treinar o suficiente.



A foto do espumante sendo derramando na taça que ilustra este trecho por exemplo, mesmo sendo uma imagem complexa de um produto sobre fundo branco, utilizando iluminação em contra luz com dois flashes, foi feita inteiramente em TTL, nenhum cálculo foi necessário e também não foi feito uso do fotômetro de mão.

Assim como foi dito antes, o sistema TTL erra sua medição de luz sempre que o objeto ou cena fotografados fugir a um padrão mediano previsto pela câmera, é fácil prever que o controle da potência do flash também sofrerá erros toda vez que a situação não esteja dentro do que a câmera pode lidar. Mas se podemos corrigir os erros de fotometria da câmera, também temos como fazer isso sobre o disparo do flash.

Algo importante deve ser dito, se o fotógrafo fotometrou direito, o flash tende a sair quase certo, ou até mesmo certo. A boa fotometria faz com que o flash dedicado funcione muito bem em TTL e necessite apenas de pequenos ajustes ou correções para ficar perfeito, por outro lado, se fotometrar errado o flash em TTL sairá sempre errado.

Antes de falarmos de forma aprofundada em como tirar vantagem do sistema TTL, é preciso ter em mente características inerentes à luz do flash, e com as quais devemos lidar:

    * O flash é um dispositivo pequeno que emite grande intensidade de luz;
    * Como toda fonte de luz de tamanho pequeno, apresenta luz dura (sombras delineadas);
    * Necessita de acessórios ou truques para ter luz suave (sombras difusas).

É importante lembrar dessas características, não adianta reclamar que uma foto com flash ficou com sombra delineada atrás do objeto fotografado pois é assim que a luz do flash é se não for feito nada para modificá-la.

Para melhorar a estética da luz do flash podemos pensar em alterar sua posição, utilizando o flash fora da câmera, o que pode ser feito com diversos tipos de transmissão com ou sem fios. Também podemos rebater a luz do flash em outras superfícies como tetos e paredes, e podemos utilizar acessórios que mudem as características da luz, como rebatedores, difusores, concentradores de luz, colmeias etc. Veremos isso adiante com as vantagens e desvantagens de cada uma dessas escolhas.

Antes disso tudo é importante decidirmos quando é ou não a hora de usar o flash, e considero válida a separação de três situações:

    * Usar toda vez que a luz local não for suficiente para a realização da foto. O lugar é tão escuro que precisa ser iluminado com o flash e este será portanto sua luz principal;
    * Usar sempre que a luz existente for suficiente mas gerar defeitos contornáveis pelo flash, como a luz do sol ao meio dia, que embora abundante, gera sombras da sobrancelha das pessoas sobre seus olhos. O flash poderá ser utilizado para preenchimento de sombras. Aqui ele é luz auxiliar, para corrigir defeitos da luz principal;
    * Usar sempre que a estética da luz do flash for um efeito desejado, momentos em que sombras delineadas e luz de frente para as pessoas ou objetos seja desejável ou que as possibilidades criativas do uso do flash sejam mais interessantes do que as oferecidas pela luz existente.

Voltando ao sistema TTL, de forma geral ele é calculado com o disparo de um pré flash antes do disparo final, nós quase nunca vemos esse disparo, ele é muito rápido e ocorre numa fração de segundo antes da fotografia de fato ser tomada pela câmera. O flash é disparado numa fração de sua potência, o reflexo desse disparo prévio é medido pela câmera com o sistema TTL que então determina a força necessária ao disparo final.

Além do reflexo da luz que é captado e medido, sendo essa a essência do sistema TTL, muitas câmeras levam em conta a distância entre o objeto fotografado e a câmera. Com isso é possível para o equipamento tomar conclusões sobre a tonalidade ou reflexão do objeto fotografado. Já que objetos opacos e de tonalidade média tem sua reflexão previsível, se a câmera captar um reflexo maior ou menor do que o previsto, é possível para o equipamento em algum grau compreender que o que está diante de suas lentes é algo mais claro ou mais reflexivo, ou mais escuro ou pouco reflexivo, e assim a câmera adapta a força de disparo do flash às várias situações possíveis.

Há variações de metodologia e forma de cálculo entre os diversos fabricantes, mas em essência o sistema TTL funciona como descrito. Concluímos então por entender que existem dois momentos e dois cálculos realizados pela câmera e seu sistema TTL, o primeiro é a fotometria, na qual o reflexo de luz emitido pelos objetos é medido e para uma exposição mediana desse objeto será mostrado ao fotógrafo uma combinação de abertura e tempo adequadas. O segundo momento é o flash, caso esteja sendo utilizado, a câmera emitirá o pré flash, o calculará com base no reflexo recebido, e assim determinará a força de disparo do mesmo.

A câmera sempre busca o resultado de tonalidade média – ver o segundo artigo desta série para maiores detalhes – , assim, se o fotógrafo estiver utilizando ajustes de abertura e tempo que na interpretação da câmera estejam escuros, subexpostos, seja por que o fotógrafo decidiu subexpor propositalmente, seja por real falta de iluminação no ambiente, o TTL tentará compensar com o flash e dispará-lo mais forte a ponto de obter a iluminação mediana da cena. Por outro lado, se o fotógrafo optar por ajustes que a câmera considere sobre exposição, seja por que o fotógrafo optou por uma foto clara ou por que o objeto à sua frente é de fato claro – como o velho exemplo da noiva – e ele compensou a exposição para isso, a câmera acabará por disparar o flash de forma mais fraca para evitar o exagero de luz que ela detectou tanto na fotometria como no pré flash do sistema TTL.

O sistema TTL é conservador, ou seja, sempre busca o resultado médio. A idéia é ter certeza que o fotógrafo volte para casa com a foto, mesmo que não ideal. Para que o fotógrafo se aproxime de voltar para casa com a foto ideal e assim não tenha que ficar corrigindo no computador, é que são feitos os ajustes de exposição para corrigir a fotometria – vistos no segundo artigo desta série – e os ajustes de compensação de exposição de flash, vistos nos próximos dois artigos.

No próximo tópico trataremos das possíveis mudanças do processo de fotometria quando utilizamos o flash, as compensações de exposição de flash e considerações sobre quando o flash for usado como luz de preenchimento e como luz principal.

Nos vemos em breve, até lá.

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